Em agosto de 2019, fui ao meu primeiro Annual Meeting, da Academy of Management.
Foi incrível! Um objetivo alcançado.
Chegando lá, tive a honra de participar, como ouvinte, de uma sessão onde estava o professor Mark Huselid.
Ele é professor na Northeastern University e estuda, escreve e pesquisa, há muitos anos, sobre gestão estratégica de pessoas e sobre Workforce Analystics.
Foi o artigo dele – Strategic Human Resources Management: Where Do We Go From Here? – que me motivou a escolher o tema da minha dissertação de mestrado. À época já tinha enviado alguns e-mails para ele, que me respondia sempre prontamente, esclarecendo minhas dúvidas.
Conversamos por alguns minutos, ao término da sessão. Foi incrível poder ouvi-lo pessoalmente sobre um tema que nunca foi tão atual, mesmo já sendo estudado há alguns anos.
Mas, ao longo do congresso, senti falta de mais discussões sobre esse assunto que está mais em voga do que nunca: o People Analytics.
A forma de analisar as competências, habilidades e muitas outras informações sobre as pessoas e equipes, e fazer o uso correto dessas análises, vem ganhando cada vez mais força na quarta revolução industrial.
Haverá mais competição; mais busca por talentos; mais vontade das organizações e seus RHs em trazerem a pessoa certa para o lugar certo; menos desperdício de tempo e dinheiro.
Em 2015, o professor Huselid já escrevia sobre como as empresas, seus executivos e líderes estavam enfrentando muitos desafios. Que havia uma grande busca por talentos, porém, já havia também o entendimento de que era necessário saber bem mais do que o conhecido CHA (competências, habilidades e atitudes) e, mais ainda, saber usá-lo de uma forma mais estratégica.
Era necessário entender como essas pessoas influenciariam a estratégia estabelecida pela organização, contribuindo da forma mais positiva possível.
Fato é que, dentro de uma empresa, não podemos considerar todas as posições como sendo estratégicas. Por isso, esse mapeamento e entendimento possibilitam a busca mais precisa pelos talentos estratégicos.
Importante também ressaltar que posições estratégicas não são somente aquelas com pressupostos de liderança formal. Elas estão espalhadas em todos os níveis da organização.
“Industries are being disrupted. Talent is more mobile. All organizations need to understand the workforce better, and how it is executing the business strategy. And workforce analytics is at the heart of how to do this.” Mark Huselid
Mais do que nunca, o RH vem exercendo um papel chave na contribuição e no impacto no valor do negócio. Ele está cada vez mais dentro e junto das decisões estratégicas. Por este motivo, o RH vem sendo muito mais demandado e de uma forma diferente: de forma estratégica.
Diante desse cenário, a Big Data vem para ser uma aliada nesse trabalho árduo e de extrema importância para o novo futuro do trabalho.
Algumas funções serão automatizadas. Outras serão reestruturadas. Novas habilidades serão requeridas. Já vemos quatro gerações diferentes compartilhando espaço dentro da mesma organização, com suas mais diferentes formas de aprender, conviver e lidar com os desafios.
A IA estará cada vez mais presente.
Estamos experimentando novos arranjos de trabalho, tais como a gig economy.
Por esses e muitos outros motivos, várias organizações estão implantando o People Analytics. Ele é uma ferramenta extremamente versátil e importante na medida em que agrega diversos dados, trazendo um complemento de informações mais analíticas, em relação aos diferentes processos do RH. Pode ser utilizado no recrutamento, promoção, movimentações, avaliação de desempenho, clima organizacional, dentre muitos outros.
O seu propósito é auxiliar no gerenciamento das pessoas, de forma mais precisa, assertiva e apurada, juntando essa análise sistematizada à experiência dos gestores e analistas da área.
É incrível ver o RH, que por volta dos anos de 1970 era considerado uma área meramente burocrática e não valorizada (praticamente somente um centro de custos), se transformando e exercendo um papel cada vez mais estratégico para as organizações.
A utilização do People Analytics reforça ainda mais essa mudança de papel, transformando o RH em um parceiro altamente estratégico que contribui, e muito, para o aumento da receita da empresa.
Vivemos novos tempos. E eles vieram para ficar! Ainda bem ….